Especial Matrix - Trilogia
Sunglasses at night: A moda Matrix

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Sunglasses at night: A moda de Matrix
Por Lígia Nogueira
21/5/2003

Atire a primeira pílula quem nunca se sentiu vivendo em uma realidade falsa, especialmente programada de maneira a nos escravizar e controlar. Beba Coca-Cola, mergulhe no mundo de Kolynos... Just do it. As semelhanças entre a "nossa" realidade e a era comandada pela Inteligência Artificial de Matrix extrapolam a esfera do consumo. O século do simulacro e da simulação tem internet, cultura eletrônica, música industrial e aquela estranha mas corriqueira sensação de "ser todos e não ser ninguém".

Comportamento, música e moda nunca formaram um tripé tão coeso como na produção dos irmãos Wachowski: massificante, algumas vezes, mas cheio de referências embora a figurinista Kym Barrett diga que tenha evitado buscar inspiração no visual da atualidade, desprezando os "looks" mostrados em desfiles, videogames ou quadrinhos. Segundo Barrett, em depoimento à revista Times, o objetivo era criar roupas que não tivessem conexão com determinado tempo ou lugar. Tarefa difícil. Os óculos escuros, botas, capas de couro e roupas de vinil usados por Trinity, Morpheus e Neo remetem aos punks e ao visual new age dos anos 60 e 70. Tudo isso, lógico, com o tempero cool dos novos tempos.

Em sintonia com a direção de arte proposta no filme, a figurinista criou roupas escuras e de alto contraste. A motoqueira Carrie-Anne Moss (Trinity) é a única a usar um modelo de vinil, causando um efeito "mancha de óleo". O personagem de Lawrence Fishburne (Morpheus) ganhou uma capa de tecido semelhante ao couro tingido de verde, enquanto Keanu Reeves (Neo) veste um sobretudo de couro mais leve, esvoaçante. Em Matrix Reloaded, "o escolhido" desfilará modelos novos, como uma capa que lembra um "céu líquido".

Outra peculiaridade fica por conta das cenas que se passam em Zion, a cidade que restou. Apesar do aspecto sombrio, é o único lugar civilizado do planeta. Partindo desse pressuposto, Kym Barrett confeccionou o figurino dos resistentes com fibras naturais, como o cânhamo e o linho, dando a idéia de que foram criadas por humanos e não por máquinas. Apesar do fato não ser citado no filme, a figurinista comenta que tudo em Zion é cultivado a partir do método da hidroponia e, por esse motivo, os modelos foram inspirados nos tecidos feitos durante a antigüidade na Índia e no Tibet.

Ironicamente, a moda "real" traz, em 2003, o escapismo como sinônimo de lúdico, sugerindo a fuga do dia-a-dia a partir de escolhas diferentes, que remetam ao fantasioso. Jaquetas impermeáveis, coturnos e peças utilitárias que podem ser encontrados no Centro de São Paulo há muito tempo são vistos circulando pelas ruas de Sampa e de outras capitais como símbolo de uma juventude urbana que não tem medo de questionamentos. Como em Matrix, o corpo não vive sem a mente.

Pra saber como será esse cenário num futuro próximo, resta aguardar o lançamento, no final do ano, de Matrix Revolutions. Ou seguir o coelho branco...

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